Cada espécie viva desenvolve um comportamento mais apropriado com a sua sobrevivência e evolução. Muitas espécies animais adotam o comportamento de formar grupos de semelhantes para poder enfrentar e ter sucesso nos seus objetivos como a caça e a defesa. Como exemplos temos os leões, espécies de macacos, os corvos, golfinhos e outros.
Estes grupos, por sua vez, não constituem um simples aglomerado de indivíduos. São dotados de organização e estrutura própria mantidas com base na competência reconhecida - a competência de fazer todo o grupo permanecer e reagir coeso para sobreviver. Esta capacidade depende, por sua vez, do conhecimento dos perigos e oportunidades, ambos postos em prática junto ao grupo pela competência de comandar.
Estas qualidades de liderança são constantemente avaliadas e testadas pelo grupo, que quando satisfeito, reconhece a aceita o comando.
Vamos conhecer um caso curioso, os cães-das-pradarias (Cynomys ludovicianus), pequenos roedores, que habitam os campos selvagens dos EUA como que compondo verdadeiras "cidades".
Milhares deles, nesta situação, formam grupos compostos de cerca de 20 a 30 animais de delimitam seus territórios e os defendem decididamente, todos juntos, quando qualquer intruso se apresenta. Os intrusos são jovens de outros grupos, que tendo alcançado a maturidade, querem se integrar em "novas famílias" e até reivindicar a liderança desta nova família oportunamente.
A forma como agem é muito interessante, e pode nos ensinar sobre a conquista de "amigos" e da situação de liderança.
Conforme as observações do Dr. John A. King, neste curioso grupo de roedores, a força bruta e dentadas bem aplicadas promovendo o afastamento do líder original, não resolvem na conquista da liderança da comunidade. Quando ocorre somente este ato de força, o grupo, mesmo sem o líder original, freqüentemente não se submete ao forçudo vencedor.
Só existe um meio efetivo para um aspirante vindo de outro grupo. Semana antes da disputa decisiva, o candidato à conquista do poder começa sua "campanha eleitoral" junto ao grupo que pretende conquistar. Esta tarefa exige diplomacia, tato, astúcia e muita perseverança.
A tática - permanecer o maior tempo possível no território do grupo cortejado.
A prática - deixar-se enxotar pelos membros do grupo sem opor resistência e retornar em seguida. Ser discreto e não demonstrar medo. Procurar agir como se já fizesse parte do grupo - tentar seduzir as fêmeas "solteiras" e "fazer muitas amizades". Quando sentir a receptividade do grupo, ele passa a desafiar o líder para a luta. Se vencê-lo, será realmente aceito e reconhecido como o novo líder por todo o grupo.
De análise destes casos, podemos identificar uma série de qualidades que um líder deve conter - competência para vencer disputas, boa capacidade de comunicação, de comando, de manter a coesão, capacidade de identificar ameaças, riscos e oportunidades. Fundamentalmente, o grupo liderado espera que a condução garanta a sua segurança. Esta situação garante a preservação da espécie.
Por Eduardo Kato, biólogo e professor de gerenciamento
ambiental do INPG - Instituto Nacional de Pós Graduação
abçs,
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