Tofu, no pedido de adoção
Amo cães, todos são lindos: desde aquele com a raça mais pura até os bons e fiéis "vira-latas". Desde o "mais bebezinho" que faz gracinhas e chama a atenção de todos até os de muita idade. O meu amor é verdadeiro em qualquer dos casos, mas confesso que tenho apreço especial justamente pelos últimos: velhos, abandonados, desprezados, doentes ou jogados à própria sorte. São exatamente eles que ganharam meu coração ao longo desses anos de amor incondicional pelos cães.
Dentre tantos que tive o prazer do convívio, uma em especial abriu meu coração para o amor e dedicação de corpo e alma: Malu. Eu a vi nascer, foi cria de uma Cocker perdida ou abandonada, idosa e cheia de doenças, que recolhi das ruas numa noite de feriado de Finados. Apesar de todo amor que tínhamos por ela, não pudemos evitar uma agressão que sofreu durante uma invasão a nossa casa. Junto com a agressão vieram sequelas, tratamentos e cirurgias, e aos 13 anos de idade, Malu precisou me deixar para alcançar o paraíso merecido.
Dois anos depois de muita dor e saudades, uma criatura de Deus foi abandonada quase em frente a minha casa. Seus donos se mudaram e claro, não havia lugar pra ele na mudança. Os vizinhos se incomodavam com a presença dele, atirando pedras, jogando bombas e tentando agredi-lo. O recolhi em meio a uma discussão com um vizinho que chamou o CCZ para recolher o cão.Bom, na presença da polícia e do CCZ eu adotei aquele anjo, que era velho e vira-latas, quase sem dentes e nada sociável por conta de todo o sofrimento vivido até ali, ninguém o queria. "Creuzo", o feio mais lindo que eu tive a sorte de ter ao meu lado por 2 anos, tinha aproximadamente 16 anos de vida e 2 anos foram repletos de cuidados, carinho e amor que o transformaram numa criatura doce. Infelizmente após uma internação urgente, ele também foi pro paraíso canino morar ao lado de tantos outros seres de alma plena.Um pouco mais de mês de dor e o vazio, eu estava navegando nas redes sociais, quando vi um pedido mais que especial. De alguma forma, após muitos compartilhamentos, chegou até mim uma solicitação tocante feita por uma voluntária do CCZ de São Paulo (hoje minha amiga) Keké Flores.Ela implorava a adoção um cão idoso, vira latas de temperamento fácil, calmo, sofrido com sequelas de maus tratos, um câncer de boca e abrigado há mais de 4 anos no CCZ. Ele era branquinho feito um queijo japonês, por isso seu nome: Tofu. Chorei dias e noites seguidas me lembrando de cada palavra que contava a história dele e prometi a mim mesma que faria qualquer coisa para trazer ele pra mim.Deixei convite para ela me aceitar como amiga, liguei em todos os telefones, deixei recados e no terceiro dia de desespero ela me retornou. Pedi encarecidamente que não entregasse ele a ninguém porque no dia seguinte eu iria buscá-lo. Mas enquanto conversava com ela, visualizei outros posts com solicitação de adoção. Dentre eles, outro me chamou a atenção: Bilu. Ele tinha uma história muito triste de abandono e 3 readoções. Não era velho, mas vi nele a esperança de trazer Tofu de volta pra uma vida real.Quando cheguei no CCZ para buscar meu Tofu, eu me apaixonei pelo Bilu também. Todos tinham a certeza de que Tofu era mudo, nunca havia latido, só andava devagarinho, cabisbaixo. Mas com apenas 3 dias em casa, Bilu o ensinou a latir e correr! Chorei muito...mandei vídeos pra Keké, que foi a voluntária responsável pela adoção, para mostrar a todos do que o velho Tofu era capaz!Os dois se amam, estão sempre juntos e tenho certeza - pela maneira que erguem os olhos para mim - que são gratos pelo amor que compartilhamos. Nunca comprei um cachorro, pois amigos verdadeiros não tem preço! E os animais idosos não são dispensáveis e inúteis como a maioria dos seres desumanos julgam e por menos tempo que tenham de vida, merecem saber como é ter um lar e uma família com amor. Se adotados, serão criaturas verdadeiras, amáveis e eternas no coração de quem os der abrigo e carinho.
Que lindo e emocionante mesmo, viu! Ter a disposição para adotar um cão velho não é pra todo mundo.
ResponderExcluirAbração.