Apesar do procedimento não ser simples, o fila brasileiro Uru parece sorrir na mesa da clínica veterinária durante a doação de sangue; cão pertence à matilha de Claúdia Hilsdorf, onde todos ajudam o próximo. Foto: Juliana Lobato/Agência BOM DIA
Os procedimentos não são muito conhecidos entre os tutores de animais, mas a doação e transfusão de sangue são tarefas comuns no mundo animal.
Na cidade, o Centro Veterinário Bauru é responsável por coletar sangue de cachorros doadores e fornecer o material para animais necessitados por diversas clínicas da região.
A coleta é simples, rápida e, segundo a médica veterinária Caroline Baptista de Carvalho, 27 anos, também é indolor.
A parte da dor não há como atestar, afinal, cachorros não falam. Mas observando o gigante Uru, um fila que pesa 80 quilos, tranquilo e bocejando na mesa da veterinária – enquanto ela coleta uma bolsa de sangue, com uma agulha espetada em um das veias do cachorro –, é possível acreditar que seja verdade.
É também fácil crer que o enorme fila ali sabe a boa ação que está fazendo. Além, claro, de perceber que ele tem conhecimento de que terminada a doação irá ganhar uma boa tigela de ração em lata.
Uru vem de uma casa de doadores de sangue. Ele é um dos cachorros de Claúdia Sartóri Hilsdorf. Antes dele, Tigrão – outro fila que morreu há pouco tempo – era o campeão da doação. Assim como Mel, cadela da mesma raça que está prestes a se aposentar da função, porque já passou dos 8 anos e de muitas doações. A matilha de Cláudia já salvou a vida de uma série de animais. Um deles chegou a “escrever”, através de sua tutora, uma carta de gratidão a eles.
Caroline diz que não há riscos para o cachorro doador. Porém, é preciso atender a uma série de pré-requisitos para entrar na função.
Variedade
Há diversos tipos sanguíneos em cachorros. “Cada dia descobrem um novo”, brinca a veterinária. Mas os mais comuns são cinco sistemas de grupos compostos por sete determinantes antigênicos – DEAs 1 (subgrupos 1.1, 1.2 e 1.3), 3, 4, 5 e 7.
Normalmente, quando um animal recebe a transfusão pela primeira vez, não é feita a tipagem, já que o sistema deles é diferente dos humanos e oferece menos risco de rejeição. A aceitação do receptor, segundo Caroline, tende a ser tranquila mesmo entre grupos diferentes.
Atualmente, o Centro Veterinário está precisando de doadores. Essa semana, por exemplo, há apenas duas bolsas de sangue no estoque. Os doadores ganham as vacinas anuais (a antirrábica e a múltipla), além de desconto nos demais serviços. A coleta pode ser feita tanto na clínica, como na casa do animal. Cada cachorro pode doar uma vez por mês, mas por segurança, Caroline prefere um intervalo de dois meses entre um procedimento e outro.
Felinos
Apesar de menos comum, em gatos também são realizados procedimentos de transfusão e doação. Porém, para felinos a aceitação de diferentes tipos sanguíneos não é tão tranquila. Há apenas três tipos para eles, o sangue A, o B e o AB, sendo esse último o mais raro. “Nos meus anos aqui na clínica, presencie apenas um caso em que um gato precisava de sangue e outro, que morava na mesma casa, acabou sendo o doador e deu tudo certo”, conta Caroline.
Cachorros grandes dominam doação
As raças mais comuns entre os doadores são pastor, fila, dogue alemão, boxer e rottweiler.
21 – É o número máximo de dias que as bolsas de sangue podem ficar armazenadas.
Check-up
Cão doador passa por um check-up. Antes de se tornarem doadores oficiais, os cachorros passam por exames para atestar seu estado de saúde.
Fique por dentro
O que um cão precisa para ser um doador de sangue:
- Pesar mais de 27 quilos (gatos precisam ter mais de 4 quilos)
- Ter entre 1 e 8 anos de idade
- Estar saudável com todas as vacinas em dia e vermifugado
- Não ter carrapato
- Nunca ter recebido uma transfusão de sangue
- Ser dócil
Situações em que uma transfusão de sangue pode ser necessária:
- Doença do carrapato
- Alguns tipos de câncer
- Parasitoses intensas
- Hemorragias agudas causadas, por exemplo, por atropelamentos
- Perda sanguínea durante procedimento cirúrgico
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