Mimi se tornou o filho de coração de Dóris. Estão sempre juntos e, como uma boa mãe, ela cuida dele e o protege. No momento de amamentar, a cachorra lambe o gato, afagando-o na ternura de uma relação maternal e ele ronrona aconchegado no seio da mamãe adotiva. Pelo visto, os dois se adotaram, se sentiram seguros nesse laço incomum e verdadeiro. Na beleza e na responsabilidade de terem um ao outro, os dois dormem abraçados, esquecidos de que lá fora muitas pessoas são incapazes do gesto da adoção.
Alguns fatos semelhantes já foram registrados pelo mundo afora. Pelo visto a bestial disputa entre a preferência por gato ou cão só existe mesmo entre os homens. No mundo animal, quando um precisa do outro, a generosidade e o respeito incondicionais podem ser mais claramente observados.
Dóris e Mimi demonstram amizade sincera e um exemplo de respeito quase extinto no mundo dos homens, onde as diferenças geram discussões intermináveis e problemas que parecem insolúveis. Ainda que muitos defendam que esse tipo de acontecimento entre os animais ocorra por extinto, não há como negar uma lição indescritível de amor.
Ainda que gestos como esse passem despercebidos, é inegável que esse mesmo gesto é capaz de sacudir o coração de quem tem a esperança de um dia poder ver a mudança de atitude do homem em relação aos animais, para que, assim, a humanidade possa evoluir no sentido de proteger as criações do Deus vivo.
Entre Mimi e Dóris o amor se propaga sob a sinfonia do silêncio e consegue se espalhar através de uma chama ardente de valor e ternura. Uma atitude que não questiona as diferenças entre eles e muito menos o nosso juízo de valor. Condições que, quando impostas aos homens, logo se transformam em discriminação, oportunismo e guerras.
Enquanto os animais se respeitam e acolhem outras espécies, muita gente, no seu pedestal de ignorância, sente-se incomodada com a presença de um animal qualquer e sente prazer em atirar-lhes pedras, envenená-los e cometer muitos outros tipos de maldades.
Muitos pensadores refletiram sobre o assunto e deixaram impresso para a humanidade o asco que sentiam sobre quem pratica atrocidades contra animais. Filósofo e médico alemão, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 1952, Albert Scwweitz disse que "quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante".
Além da filosofia, o Livro Sagrado exprime em Provérbios que “os justos olham pela vida de seus animais, mas as misericórdias dos ímpios são cruéis”. Enquanto a Palavra Sagrada é ministrada, os impiedosos e escarnecedores, que abarrotam os bancos das igrejas, são os mesmos que envenenam gatos e atiram pedras em cães.
Que a beleza da atitude de Dóris e Mimi seja imortalizada e não emudecida e que os homens aprendam a ter o coração nobre. A hipocrisia de uma sociedade, que é malevolente, precisa ser esfacelada, de uma vez por todas, pois, como bem disse o presidente americano Thomas Jefferson, “eu temo pela minha espécie quando penso que Deus é justo”.
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