Se os humanos fossem um pouquinho mais animais eles seriam mais gente". (Silvana Lance)
Apesar da afetividade que une homens e animais, os maus-tratos a eles também, acompanham a história da humanidade.
É natural a dominância do ser humano quanto à natureza e os animais, mas a maldade também caminha junto e com mais facilidade direcionada ao mais vulnerável, incluindo animais indefesos que vivenciam diariamente abandono, abusos e exploração.
Infelizmente, casos de crueldade se tornam cada vez mais evidentes, deixando aqueles que os amam e respeitam estarrecidos diante de tamanha falta de piedade acrescida da impunidade.
Histórias de crueldade contra animais podem ter início ainda na infância com indícios de evidente perversidade ou atos cruéis que podem passar despercebidos pela falta de supervisão, ou ainda serem fruto da violência doméstica e maus exemplos, o que favorece um ciclo ininterrupto onde o mais fraco leva a pior.
Portanto, é preciso acompanhamento e também discernimento dos cuidadores para não nomear de travessura o que na verdade se constitui um ato de tortura contra um animal.
Tais atitudes devem servir como um sinal de alerta, pois comportamento cruel com animais envolvendo necessidade compulsiva de controle e incapacidade de reconhecer o sofrimento destes são indícios de transtorno psicológico.
Estudos revelam em perfis de assassinos, antecedência de maus tratos a animais e estreito laço com a violência na sociedade.
Em meio a tantos casos de abusos, negligência e violência contra animais, levanta-se também a indignação de muitos numa voz estridente em favor destes inocentes que resignados, apenas exprimem o sofrimento num som de lamento, na expressão de dor ou ainda visivelmente impresso na péssima condição física.
Mas, é importante salientar também que, diante de uma denúncia e da comoção popular rapidamente disseminada pelos meios de comunicação em favor desta nobre causa, devemos também ficar atentos, pois há casos em que a crueldade contra um animal é incontestável, porém, esta também pode ser subjetiva pois com o sentimento inflamado de se fazer justiça excessos e injustiças podem também ser cometidas, portanto cada caso deve ser verificado e avaliado com cautela e discernimento.
É preciso alardear a responsabilidade que vem junto com a adoção para evitar engrossar a triste estatística do abandono e maus tratos, pois estes graciosos bichinhos não podem ser tratados como brinquedos, eles precisam de condições básicas para a sobrevivência e bem estar.
Animais também são manifestação da vida e pertencem a mesma biosfera que nós, portanto, merecem respeito, dignidade e integridade física.
É um alívio observar que enquanto muitos abandonam e maltratam, existem também muitos outros que acolhem e tratam voluntariamente se tornando uma importante resistência do bem.
Somos zeladores da natureza que nos complementa e não carrascos ou manipuladores sem ética agindo contra ou a favor de acordo com nossa própria conveniência ou vaidade; portanto, não podemos negligenciar o peso da nossa responsabilidade.
E se, a compaixão para com os animais tem proximidade com a evolução de uma sociedade, devemos estar atentos às necessidades destes, deixando de lado o ser social primitivo, reconhecendo que eles (todas as espécies) também devem ser compreendidos como sujeitos de direito.
A natureza nos privilegiou com os animais, e os que estão mais próximos a nós, os "animais de estimação" como o próprio termo diz, devem ser estimados e não subjugados.
De alguma forma eles chegam até nós como presentes divinos, trazendo-nos a chance de vivenciarmos uma relação mais próxima com a natureza e a oportunidade de experimentarmos um afeto que, diferente das relações humanas, contém uma pureza real e um amor incondicional que nos emociona, se tornando um privilégio a ser retribuído com um mínimo de cuidado.
Eles são criaturas que nos cativam pela graciosidade, companheirismo e são muito mais do que boas companhias. Eles dividem conosco o privilégio de existir!
Psicanalista & Psicoterapeuta
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